terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O pecado - O amor de Deus e a Paciência de Deus



“Aquele que não conheceu o pecado, Ele o fez pecado por nós.  (2 Coríntios 5:21) – O texto nos leva à interpretação de “conhecer” como uma relação intima, manuseio, proximidade, preferência, identificação; como a camisa predileta de alguém – como a camisa do time ao qual torce. No tocante ao pecado, essa relação que temos é justamente aquilo que Deus mais odeia!
Deus odeia? – Deus odeia o pecado em nós e nos faz condenáveis diante dele.   Jesus não teve essa relação com o pecado – daí se dizer: “Aquele que não conheceu o pecado...” – Mas Deus “o fez pecado por nós” Deus executou em Jesus aquilo que executaria em nós por causa do pecado. 

Paul Washer ilustrou bem:
“Vamos imaginar que haja uma moça muito fiel e cristã conosco. Ela se manteve limpa das coisas do mundo e andou em santidade, longe das impurezas do mundo. Então, em um desses dias, ela vai até uma cidade grande e decide que vai pregar o evangelho às prostitutas. No entanto, enquanto ela está fazendo isso, a polícia chega. A polícia lança no camburão algumas prostitutas e com elas, lança também a moça cristã. À medida que se dirigem à delegacia as prostitutas estão rindo, contando piadas, falando ao celular. Isto não é nada para elas, não as incomoda. Estão acostumadas a isso. (elas amam o que fazem e se enriquecem com esse trabalho) Mas a moça cristã está encolhida no cantinho, mal consegue respirar. É tão vergonhoso pra ela – essa não é a rotina dela. Ela não anda na pratica dos mesmos pecados das prostitutas, mas naquele dia ela foi (digamos) condenada como tal. Jesus nunca pecou – mas foi morto pelos nossos pecados. Com um diferencial – ele se deu livremente em sacrifício (Filipenses 2). (*)

Se nos, verdadeiramente compreendemos o evangelho, ou melhor, quanto mais compreendemos o evangelho, mais entendemos também que Deus é um Deus que se ira; e que vira as costas ao pecador! Os desavisados, os ignorantes, os meramente religiosos que não tem relação pessoal com Deus, se escondem atrás dessa ideia de que Deus é amor somente. A pura verdade é que suas almas suspiram por isso porque traz um certo conforto.
Primeiro vamos entender a justiça de um Deus de amor a favor de um homem:
Um homem que tenha mergulhado fundo no pecado; tem uma experiência de  conversão verdadeira. Ele ouviu; creu; confessou e entregou sua vida ao controle de Deus. Em sua confissão para salvação ele diz: “Senhor; não posso controlar minha vida!
Se eu controlar minha vida; o pecado me controlará e eu morrerei
Entrego ao Senhor o controle da minha vida”. E isso ele faz de todo o coração!
Uma semana depois esse homem morre e se apresenta na porta do céu!
Por sua natureza, por seus atributos, Deus se obriga (força de expressão) a salvá-lo.
É impossível que Deus aja contrário à sua natureza.
Antes de entendermos a justiça de Deus (quando se coloca) contra um homem, vamos primeiramente indagar:
Deus ama o pecador? Sim! é nossa resposta automática.
Deus odeia o pecado? Sim! também respondemos prontamente!
O pecado tem vida própria? Não! o pecado não é uma ação em si e não tem vontades em si só; o pecado é "um atrativo abstrato".
(Gosto de pensar sobre a maldição da serpente como uma analogia ao diabo – Deus disse: “sobre o teu ventre andaras...” Creio (numa ilustração) que naquele momento, Deus lhe “cortou os membros” e assim, faço a ligação: Satanás está desprovido de membros e de corpo; ele só age através do homem).
Portanto, o pecado só tem expressão quando nós o praticamos!


Pois bem: Deus não vai tratar nada como o pecado e sim com o pecador (o pecado em si é abstrato, mas o pecador é um ser concreto) O pecado não vai a julgamento; o homem pecador é quem vai.
Um câncer é abstrato, (pensemos num câncer maligno) nós não o vemos a menos que ele esteja destruindo um corpo – nós não conseguimos pensar nele isoladamente de um corpo – temos que pensar em alguém sofrendo com um câncer para ter a ideia de quão terrível ele é. (o pecado em si é um ser abstrato, mas o homem o concretiza)
Então podemos agora entender um Deus de amor colocando-se contra um homem.
O pecado não tem desejo sobre o homem - ele é penas um atrativo.
O homem tem desejos diversos e tem controle sobre aquilo que o atrai. E tem livre escolha...
Se eu amo e pratico aquilo que Deus odeia; como é possível Deus separar o pecado de mim para odiá-lo e me amar separadamente do pecado se o pecado só se expressa através de mim?
Deus então me odeia porque eu escolhi amar e praticar o que ele odeia!
Ao escolher o pecado eu rejeitei Deus e dei expressão ao diabo. 
Se um homem livremente pratica e ama aquilo que Deus odeia, quando ele morrer, a natureza de Deus o obriga (força de expressão) a condena-lo.
Quando Jesus morreu, Deus condenou na carne de Jesus o pecado, ou seja, se o pecado só se expressa quando um homem o pratica, então o mesmo pecado só pode ser “destruído” onde ele se manifesta. E nesse caso, o corpo (a casa do pecado) não suporta o golpe de Deus, e morre.
Jesus não conheceu o pecado, mas Deus o fez pecado por nós.
Deus desferiu o golpe contra o pecado; Atingiu com a flecha o pecado... 
Onde ele golpeou o pecado?  Onde o pecado foi atuante! No homem “que lhe deu vida”! E isso aconteceu com Jesus – (embora nunca tivesse pecado, Deus desferiu nele o golpe) – Deus o fez pecado e executou juízo nele!
Pense:                

Uma cidade está empesteada de ratos, moscas e baratas, os ratos são grandes pesando mais de um quilo cada um. As baratas são da espécie que se encontram nos cemitérios, nos túmulos. As moscas são da espécie que põem ovos que se tornam em grandes larvas. Eles se multiplicam como o mato, ninguém consegue detê-los. É um desafio para essa cidade. Todas as noites eles se reúnem num só lugar, uma área equivalente a quatro estádios de futebol. O lugar é imundo e malcheiroso; é repulsivo. Ali, á noite os pares se acasalam; numa só noite, nascem e morrem milhares de novos, e eclodem milhões dos ovos das baratas e outras milhões de novas larvas das moscas rastejam pelo local. Há uma mistura de criaturas recém-nascidas e outras que acabam de morrer; moscas e baratas devoram os cadáveres. Não dá pra descrever como o local é desprezível. Fracassaram todas as tentativas de detê-los! São milhões, portanto só há uma forma de destruí-los, e de uma vez por todas! Você vai ao local, logo que esses milhões de seres se reunirem e incendeia todo o local, deixando-o só nas cinzas. No dia seguinte só resta um pouco de fumaça – o fogo destruiu os animais, a vegetação, os entulhos e o ainda desidratou o solo.    
Isto é chocante!
Deus condena o pecado no corpo do pecador – o local imaginário acima foi uma alegoria do pecado e da carne de um homem sem Cristo indo a julgamento.



Deus não age contra sua natureza; ele não pode fazer de conta que não viu e ele não tratou Jesus como única exceção quando nossos pecados foram colocados sobre ele.


Vamos tentar detalhar:

A lei terrena se satisfaz somente com a cabeça do transgressor (em algum caso aceita fiança em favor do transgressor).
A lei divina rejeita um pecador como oferta e se satisfaz somente com o sacrifício de um justo. 
E a fiança? É um preço impagável ao pecador, portanto:

Jesus assumiu sobre si os nossos pecados... Ele nunca pecou, mas Ele se fez de pecador em nosso lugar... “Aquele que não conheceu pecado, Ele (Deus) o fez pecado por nós”
Como assim?
Por um momento Deus executou juízo no próprio filho...  

Como assim?
Onde estava o pecado?  

No filho! 
E Deus odeia o pecado? 
Sim!
Portanto a ira de Deus recai sobre o filho!  

Como assim? 
Deus vira as costas para o filho e o abandona? 
Sim!
Não foi esse o clamor do filho na cruz: Elohim Elohim lema sabactani?

E digo mais
Deus não lhe respondeu porque o pecado estava em Jesus...
Ele morre.... Ele recebe o juízo...
Quando seu sangue se derrama na terra; aquele sangue é puro (satisfaz a exigência da lei divina) e destrói o poder da morte e do pecado - não é como o nosso sangue contaminado; então o pai se volta novamente para o filho e o ressuscita quebrando os grilhões da morte...
Deus condenou na carne o pecado !
Romanos 8:1-4
Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espirito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado. A fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espirito.

Se Deus não poupou o próprio filho, por que nos pouparia?
Deus nos vira as costas por causa do pecado (assim como fez com Cristo). 
Quando chegar o momento do meu sangue e do seu serem derramados; nosso sangue é impuro e ao cair na terra ele profana a terra - portanto o olhar de Deus não se volta para nós como fez com Jesus. E a condenação se consuma na morte.
Entenda agora o amor de Deus
Quanto mais um homem busca Deus; mais ele treme sentindo se indigno; impuro e (até) miserável pecador (como Paulo disse em Romanos 7:23-24: “...mas vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! quem me livrará do corpo dessa morte?")

Se você busca Deus com sede e coloca toda sua disposição em conhece-lo, você se aproxima dele e Ele de você... Ai está a grande questão:
Quanto mais você se aproxima; mais você penetra nos atributos dele: Ele é santo; Ele é puro; Ele é amoroso; ele não pode ter comunhão com o mal.
Você sente o bom perfume (que é uma metáfora para todas as santas qualidades de Jesus) 2 Cor 2:14
Então você (num espelho se vê uma imagem inversa) percebe que você é justamente o contrário a tudo que ele é e sente que vai ser destruído instantaneamente; fulminado; porque Deus sendo tão santo e puro, não pode ter comunhão com você!
Você se sente impuro e pecador... A gloria dele é tanta que seus olhos não conseguem mira-lo
Manoá e sua esposa (pais de Sansão) tiveram essa experiência: Manoá, depois que o anjo subiu, exclamou: “Vamos morrer pois vimos o Senhor”. (Juízes 13) 
É isto que sente um homem (convertido) ao se aproximar de Deus.
A viúva que recebeu Elias em sua casa teve também esse sentimento quando seu filho morreu: Ela disse a Elias: Vieste trazer à memória a minha iniquidade? Ela reconhecia a presença de Deus que acompanhava Elias – quando Elias se aproximou, Deus veio junto, portanto os pecados dela ficaram expostos. (1 Reis 17:8-24)


Pedro sentiu isso ao dizer
Senhor, afaste-se de mim porque sou pecador!


Quanto menos buscamos a Deus; mais nos sentimos confortáveis ainda que afundados os pés em lama do pecado – Longe dele não vemos sua face, não sentimos seu perfume, não conhecemos sua gloria e santidade e por isso não podemos compará-lo a nós (crentes carnais tem suas convicções da salvação porque não tem parâmetros - não conhecem Deus - não imaginam que seja o oposto de tudo que Jesus ensinou).


Não deveria ser o contrário? Não!
Quanto mais longe; mais seguro me sinto (ilusão). 

Quanto mais perto; mais a glória de Deus me faz entender minha miserabilidade!
Estando perto dele, consigo me colocar em comparação com Ele.
Longe dele sinto-me seguro (ilusão do pecador) / perto dele sinto que serei fulminado.
Mas um homem não deve ter certeza da sua salvação? 
Se um homem cristão se sente miserável à medida que vai se aproximando de Jesus, ele não está negando a obra de salvação? 
Não! É justamente o contrário! Ele se sente miserável pelo fato de contemplar uma parte ínfima de Deus e isto é suficiente para sentir que Deus o destruirá!
Então: É justamente aqui que entende a graça e a misericórdia! Pelo fato de ele não te matar - É aqui que você entende que Deus é amor.
Aí sim!  Você pode dizer que Deus é amor! Ele não te destrói quando você se reconhece impuro em comparação a pureza e santidade dele.
Quando ele te diz: Minha graça te basta; em outras palavras Ele está dizendo:
Minha graça esta sobre você o suficiente para você viver e não morrer.
E quanto ao ímpio? Deus é amor para o tal? Não! Deus virá para os pecadores como um fogo consumidor!.
O amor de Deus para o ímpio é melhor explicado como paciência de Deus; sofrimento (como naquele trecho de Jesus:
(Mateus 17:17 e Lucas 9:41)
Jesus exclamou: Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei convosco? até quando vos sofrerei?...                                         



Deus ama o justo - o justo se sente indigno por causa da gloria de Deus.
Deus "sofre" pacientemente, suporta o pecador apesar desse considerar-se um filho Dele.

Nota: A palavra diz que o homem viverá 70 anos ou quando muito 80. Por todo esse tempo, Deus suporta, (sofre pelos) nossos pecados. Nesse tempo, um homem sem Deus está sujeito a todas as leis da terra – ele pode ser prospero ou miserável, pode ser bom ou mal, instruído ou ignorante – pelo fato de esse  ser um homem sem Deus, Deus não o priva de coisas boas disponíveis a ele na terra. Deus não o impede de ser rico nem lhe lança doenças – prevalece a lei da natureza. O homem está livre para praticar o que quiser – isso é liberdade – isso é livre arbítrio – é viver arbitrariamente – ou seja – de acordo com suas vontades, suas decisões (para seu bem ou para seu mal) – sem que Deus o impeça. Deus não o impede de desfrutar de grandezas, ter títulos, diplomas. Seu eventual mal sucesso não significa castigo de Deus; bem como seu sucesso não significa benção divina – é a lei da terra.
Não há uma regra divina que o ímpio deva ter morte trágica e o justo tenha morte sem dor – nem que o justo não possa morrer por um câncer – a morte física é para todos. A pobreza e a riqueza de um e de outro não estão necessariamente ligados à condição espiritual.
A palavra fala ainda que a paciência de Deus aguardava (sofria enquanto) Noé construir a arca – nesse tempo os homens estavam livres em seus comportamentos, para o mal ou para o bem (e viviam muito mais do que 80 anos).
Há coisas que acontecem ao justo e que entenderíamos que era para o ímpio.
Há coisas que acontecem ao ímpio e que entenderíamos que era para o justo!.
A bíblia fala ainda que (Deus suportou) os pecados de babilônia (até que) subiram até o céu. A grande dia do juízo está chegando – então cada uma dará conta de seus feitos.
Certa vez li num livro onde o autor relata uma experiência de ter sido levado ao céu e ter permanecido lá por alguns dias. Lá ele viu Jesus, Elias, o rio de Deus e arvore da vida... Em dado momento chega uma carruagem celestial trazendo uma senhora que fora salva! Essa mulher, ao contemplar a grandeza de tudo ao seu redor, começou a clamar: "Não dou digna, não sou digna". E então ela foi confortada acerca de sua fé na terra, que lhe garantiu a salvação.

E a bíblia é clara e direta quanto aos outros (pecadores por opção) que pensam que seus nomes estão escritos no livro da vida, que são filhos de Deus; que pensam: "Sou digno, sou digno", mas terão uma surpresa devastadora.

(*) WASHER, Paul. O evangelho de Deus & o evangelho do homem. Editora Hagnos, 2015, pag 71

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