"Nem Uma Hora?" Prefacio do Livro do Dr. Larry Lea
Na fria e escura noite em que
Cristo foi traído, seus discípulos não permaneceram em oração com ele nem uma
hora. Estavam no jardim do Getsêmani, mas enquanto Jesus orava intensamente,
com uma agonia de espírito tão profunda que seu suor pingava no chão, como
gotas de sangue, os discípulos dormiam, inconscientes dos eventos
transcendentais que estavam para ocorrer. Então o Senhor, com o espírito
carregado de tristeza, acordou-os e indagou: “Então,
nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?” (Mateus 26.40.) E as condições da
igreja hoje acham-se espelhadas nesse trágico episódio. Jesus, nosso Sumo
Sacerdote e intercessor, está orando, mas seus discípulos dormem. E com isso
Satanás está ganhando todas as batalhas por negligência nossa. Seria impossível
calcular quantas derrotas, quantos fracassos espirituais, quantas perdas
morais, quantas separações de casais e outras tragédias semelhantes poderiam
ter sido evitadas se os crentes tivessem orado mais. É impossível estimar a
quantidade de perdas que poderiam ser evitadas e de penalidades que poderiam
ter sido suspensas, se o povo de Deus tivesse dedicado mais tempo ã oração. A
culpa é minha, e sua também.
Mas
não foi para ficar colocando complexos de culpa em ninguém que escrevi este
livro. Escrevi-o porque sei o que é ter um chamado para interceder, e o que
acontece quando deixamos que a fadiga, as interrupções e as pressões da vida
sufoquem esse chamado. Durante seis anos, Deus instou comigo para que
obedecesse à sua súplica de vigiar com ele uma hora por dia. Quando finalmente
atendi, minha vida e meu ministério passaram por uma transformação radical.
Uma
coisa posso garantir: quando oramos uma hora por dia, opera-se em nós um
processo extraordinário. É claro que ele não ocorre da noite para o dia;
acontece lentamente, de forma quase imperceptível. O Espírito de Deus enraíza
no solo de nosso coração um forte desejo de orar. E esse anseio vai desalojando
as ervas daninhas da apatia e da negligência. Depois o anseio amadurece e
produz constância. Um belo dia descobrimos que orar não é mais um peso, uma
obrigação. É que a disciplina da oração produziu o prazer de orar. Aí começamos
a ansiar pelo momento da comunhão. E a oração vai operando uma obra
sobrenatural em nós, permeando cada aspecto de nossa vida, dando-lhe uma nova
configuração. Sentimos o coração impregnado da presença de Deus e das suas
promessas. Descobrimos as prioridades dele para nossa vida, aprendemos a
observá-las e a alinhar com elas nossas petições; aprendemos a nos apropriar
das provisões de Deus para nossas necessidades. Começamos a gozar maior
alegria e senso de realização em nosso relacionamento com outros, e isso coloca
nossa vida numa dimensão inteiramente nova. E à
medida que passamos a andar no Espírito, em vez de seguir as inclinações da
carne, aprendemos a viver pelo poder de Deus e a ocupar a posição de
vencedores, conquistada por Cristo para nós. Por que sei disso? Sei, porque foi
o que me aconteceu quando atendi ao chamado de Deus para orar. Sei, porque foi
isso que aconteceu aos discípulos após a ascensão de Cristo.