quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Cornélio | Quando Deus quebra nosso paradigmas.

Introdução

Yahweh é um Deus de mistérios. Não é um Deus que se esconde de nós; mas tem sim, seus mistérios. Ele quer revelar-se, e o faz! Nos textos mais difíceis (para uns, para outros não) ou nos mais fáceis. A Palavra de Yahweh é um organismo vivo – é na verdade um ser (o Eu Sou) revelado nela, portanto é inesgotável e está sempre em ação. Quando lemos, quando ouvimos, quando escrevemos, quando pregamos, quando praticamos a Palavra, estamos revelando Yahweh aos homens. E se não estamos fazendo nada disso, ainda assim ele não se torna oculto nem inativo. Yahweh é tão provável e ativo ao ponto de se revelar no mais profundo silencio e na mais aparente inatividade! Todos nós faríamos uma lista particular com os nomes daqueles que consideramos ser os heróis da fé! Homens esses (e mulheres também) por meio dos quais Yahweh faz ou fez coisas grandiosas. Ninguém se esqueceria de Elias, de Moisés, de Sansão, Eliseu, Josué...

Ou aqueles que não foram instrumentos de coisas sobrenaturais visíveis, mas que tiveram intima comunhão com Yahweh, como Davi, Samuel, Daniel, Débora e Ana. Ou aqueles que só apareceram uma vez como o profeta Simeão e a profetiza Ana, (Lucas 2) que tinham tanta intimidade com Yahweh ao ponto de não ter tempo para os homens – eles eram quase secretos – foram mencionados na Palavra de Yahweh somente no momento que Jesus nasceu! Certamente voltaram depois para suas vidas particulares na presença de Yahweh. Onde ninguém os vê e onde poucos veem Yahweh. Essas pessoas são quase totalmente desconhecidas para nós; mas Yahweh os conhece bem! Isto nos surpreende.

 

Sobre a profetiza Ana, a Palavra diz que era uma viúva de 84 anos que vivera com seu marido por sete anos. Dedicou então toda sua vida a Yahweh!

Esta não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns e orações. E, chegando naquela hora, dava graças a Yahweh e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém (a consolação de Israel - a esperança do profeta Simeão). Lucas 2:37-38

Não é fácil explicar a vida desta mulher. Entende-se que ela orava constantemente pela redenção de Jerusalém. O menino Jesus foi a resposta de Yahweh. Não era o fim de todo seu trabalho – naquele dia seu trabalho atingiu o meio campo. Desde décadas antes de Jesus, Ana já vivia o que Jesus declarou três décadas depois de nascer: “Ela vivia fechada em seu quarto (o templo) orando em secreto ao Deus que vê em secreto”.

O profeta Simeão foi descrito como um homem justo e piedoso que esperava a consolação de Israel (a redenção de Jerusalém – a esperança da profetiza Ana). E o Espírito Santo estava sobre ele. Sabe-se que em algum momento o Espírito lhe fez uma promessa – que a consolação de Israel era um fato, ela viria – que ele não morreria sem ver o Cristo do Senhor.

Quando Jesus completa quarenta dias – findos os dias chamados de dias da purificação - Maria e José vão ao templo com o menino Jesus. Como determinava lei de Moises, todo primogênito deveria ser apresentado ao Senhor. E deveria ser oferecido por ele um sacrifício de aves – duas rolinhas ou dois pombinhos.

A Profetiza Ana já estava lá (pois vivia lá – ela seria como uma convidada especial ao que ia acontecer) no momento que chegam os pais de Jesus. E a Palavra diz que o Espírito moveu Simeão para que naquele mesmo momento fosse ao templo, pois Yahweh cumpriria a promessa – a resposta a suas orações.

Simeão veria a Consolação de Israel;

Ana veria a redenção de Jerusalém;

Ambos veriam o menino Jesus!

E foi Yahweh que providenciou o momento!

 

Esses são detalhes que mostram que o Espírito de Yahweh está constantemente em ação (evento, modo e tempo – tudo harmoniza). Simeão diz: “Agora já posso deixar esta terra; meus olhos já viram a salvação de Yahweh”. Interessante é que ele coloca os gentios na frente dos israelitas nesta oração:

Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios e (luz) para glória do teu povo de Israel. Lucas 2:29-32.



Simeão ainda prossegue: “Este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel – e será alvo de contradição”.

Poderia dizer que todos os paradigmas seriam colocados na balança de Yahweh. Nem todos, mas Israel naquele exato momento já não era mais o mesmo.

A Lei de Moises era o coração do relacionamento de Israel com Yahweh. No contexto do artigo queremos enfatizar que judeus praticavam uma “religião” de exclusividade e de monopolismo de Yahweh. Mas o anjo já tinha revelado à Maria que “...ele salvará o seu povo (da condenação) de seus pecados” O plano de Yahweh era (é) redimir; e redimir a todos. Jesus não veio festejar nada – ele veio salvar pecadores. Só Então haveria festejo nos céus...Lucas 15:7.

Para um judeu, a oração de Simeão pode ter sido estranha quando disse: “...luz para revelação aos gentios...”. Yahweh tinha plano para os gentios!

Em Mateus 8 e Lucas 7 vemos o impressionante relado de um centurião cujo servo estava à morte. Quando Jesus disse que iria até sua casa para curar o servo; o centurião deu uma demonstração de fé que deixou Jesus admirado! Não sabemos se a admiração se deu pelas palavras ou por ter sido palavras saídas da boca de um centurião romano. Analisando somente as palavras podemos supor que aquele homem já estava no caminho da salvação – a confissão do senhorio de Jesus Cristo sobre sua vida seria um simples respirar. Analisando as palavras juntamente com o fato consumado da cura; não fica dúvida nenhuma de que aquele homem (romano – não podemos esquecer) se dobra a essa nova “religião” que ainda está nascendo...

O que vemos aqui é o Espírito Santo agindo na vida de pessoas improváveis considerando suas idades e seus ministérios quase “extintos” para a época. Mas Yahweh não pode ser moldado pelo pensamento humano. Sabemos que havia um silencio de profecias nos quatro séculos passados! E daí? Quem determina quando Yahweh fala e quando se cala?

O que fica explicito para nós é que o Espírito Santo age em qualquer tempo, posto que, ele mesmo é atemporal. E do modo como queira... E em todo lugar... Com qualquer pessoa...

Notem as palavras daquele simplório cego (ex-cego) em João 9:31:

Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende.

Há duas considerações nestas frases: A primeira é particular a Yahweh que não vê restrições em si mesmo ao atender a quem o busca – salvo a restrição do pecado – e o homem bem o sabe. A segunda é particular ao cego: Estas frases não seriam tão impactantes se saíssem dos lábios dos oponentes fariseus, mas partiram de um homem tido como desprezível no seu tempo (o Espírito Santo de Yahweh causou um impacto tremendo na vida dos fariseus com a mensagem evangelística de um pobre cego).

Fica outra pergunta: Quem Determina como Yahweh age e através de quem Ele age?

Vemos homens e mulheres que aparentemente não tinham nenhuma relação com Yahweh achegando-se a Ele. Exemplos são: O eunuco Etíope x Felipe; A mulher siro-fenícia x Jesus; o já mencionado centurião romano cujo servo estava doente x Jesus; um judeu rico, fraudulento e chefe dos publicanos (Zaqueu) x Jesus. Outro judeu a serviço do império romano (Mateus) que se tornou discípulo de Jesus. Maria Madalena... Os primeiros a adorar o menino Jesus foram três ilustres estrangeiros...

Algo estava acontecendo (que não sabemos) na vida particular de cada um desses. Nós só sabemos a “parte dois”, que é quando eles aparecem nas páginas da bíblia e deixam cada um à sua marca para as gerações futuras. Esse “algo” era particular a eles e a Yahweh! (para nossa reflexão).

Cornélio era outro que ninguém conhecia até que Deus alterasse a agenda de Pedro e dos judeus que andavam com ele para preencher quase dois capítulos inteiros do livro de Atos dos Apóstolos.

O que se sabe dele é bem destacado no início do capítulo 10: “Morava em Cesaréia; centurião da coorte ...piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, e que fazia muitas esmolas ao povo e de contínuo orava a Deus. Curiosamente foi descrito semelhantemente: “...integro, reto, temente a Yahweh...! Com certeza Cornélio soube muito do que Jesus fez; e até presenciou milagres, posto que, Jesus atraía multidões.

A parte que não sabemos sobre Cornélio está “escondida” na frase que diz que “continuamente orava a Deus” (um homem que ora entra em outra dimensão – a dimensão de Yahweh).

Deus dá uma visão a Pedro – Logo começa um “terremoto” na terra (na religiosidade) dos judeus! Pedro não tem a menor ideia do que vem...

Embora a visão dada a Pedro seja confessadamente simbólica, a experiencia registrada foi uma revelação definitiva de que Deus tinha feito uma significativa alteração na forma como Pedro se relacionava com os gentios. Pedro objetou diante da ordem de Deus, mas o Espírito de Deus foi insistente em que ele deveria ajustar seu pensamento e ação com este desafio. Os animais e aves (classificados como impuros para os cerimoniais judeus) representavam os gentios. Sendo os judeus “os puros”. Esse grande receptáculo como um lençol desce do céu – e VOZ que Pedro ouve é a VOZ do próprio YaHWeH. Pedro não fica em dúvida quanto a quem está falando com ele; mas faz objeção ao que a VOZ diz: “...de modo nenhum Senhor...”

Tudo isto representa um pouco do nosso modo de ver o plano de Yahweh. Com quem Yahweh deve se relacionar... Como Yahweh deve agir... Quando Yahweh deve fazer algo... Onde está Yahweh... Porque Yahweh.... Como assim Yahweh.... Cornélio? Yahweh se enganou? Uma profetiza velha? Outro velho? Um etíope (que também é eunuco (de pele escura) ... um procônsul romano (Atos 13:6...)

Antes de voltar a Cornélio, abrimos um parêntesis para Paulo.

Paulo era tão autêntico judeu e fariseu quanto era autêntico perseguidor dos discípulos e dos novos seguidores da nova “religião”. Ele não era um perseguidor de Jesus Cristo; não por intensão própria, pois não o conhecia. Ele era opositor daquilo que os novos cristãos acreditavam e pregavam, pois era diferente do que ele aprendera como fariseu. Para Paulo, a voz de um fariseu ferrenho seguidor da lei mosaica era a única voz que devia ser ouvida, e a voz dos seguidores de Jesus era a única voz a ser calada! Fazendo isso, Paulo sem o saber tornou-se perseguidor de Cristo e opositor a Ele. Quando Paulo cai por terra na estrada de Damasco, ele vê por uns segundos a luz que o cegou e mais uma VOZ: Saulo, Saulo, por que me persegues? Quando Paulo pergunta: “Quem és? Senhor? Ele confessou que não conhecia a pessoa a quem perseguia. Jesus lhe dá uma instrução e na sequência dos fatos, Saulo é hoje o apóstolo dos apóstolos. De perseguidor ele passa a ser seguidor; e o “perseguido passa a ser seu Senhor, Salvador e Mestre”. Então se dizia a respeito de Paulo: “Não é este que exterminava em Jerusalém aos que invocavam o nome de Jesus, e veio aqui precisamente com o propósito de levá-los amarrados para o julgamento dos principais sacerdotes?” Atos 9;21. Também disseram depois: “Aquele que antes nos perseguia, agora prega a fé que outrora procurava destruir” Gálatas 1:23.

Qual o proposito do parêntesis? É mostrar o que parece ser, mas não é! Mostrar que parece que Deus comete equívocos! Na verdade Deus confunde os homens e destrói seus equívocos. O primeiro equívoco dos homens é o que pensam de si mesmos. O segundo equívoco é o que pensam sobre o modo de pensar de Deus. E nesses equívocos, mesmo os homens considerados como bons, caem na perdição. Quando Deus ordena a Ananias que vá até Paulo para impor as mãos sobre ele, Deus revela uma particularidade daquele exato momento da vida de Paulo: Deus disse a Ananias: “Pois ele (Paulo) está orando! Atos 9:11

Talvez Cornélio conhecesse o outro centurião que foi até Jesus pedir em favor de um servo que estava muito doente. Ou, talvez não o conhecesse, mas tomou conhecimento do fato pois ambos serviam ao império romano. Com certeza Cornélio presenciou alguns e tomou conhecimento de outros de tantos feitos de Jesus. Obvio que ele não poderia gritar aos ventos (aos concidadãos romanos) que algo estava se movendo dentro dele (coração e mente). Cornélio tem algo em conexão com a história de Nicodemos que foi ter com Jesus à noite (secretamente) quando outros judeus estavam acolhidos em suas casas. Cornélio, provavelmente guardou sua fé para si – e no dia que viesse a se revelar, o próprio Deus se encarregou de lhe enviar um anjo... (Cornélio era um romano sim – e Deus não estava equivocado como Pedro tentou argumentar).

Curioso é tentar entender como eram as contínuas orações de Cornélio... com que palavras... ele ajoelhava? ele citava promessas da Tora? (absurdo seria – ele não conhecia a Torá (penso) e nem ao Deus dos judeus (aqui eu me engano – Ele conheceu!) Imagino que ele começou com um sentimento estranho... e logo venceu o obstáculo ao perceber que Yahweh não estava preso a dogmas... Talvez tenha tomado conhecimento das palavras do ex-cego...

“Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende”.

Daí ele entra em confronto com essas palavras ao perceber que ele próprio está entre os pecadores e deve ter ouvido muitas vezes que era desprezível a Yahweh por não ser “um judeu”. Portanto não seria atendido.

O que fazer? Talvez tenha estado presente quando Jesus lançou a parábola do fariseu e do publicano (ele estava representado na classe do publicano). Então ele poderia orar como o publicano:

“O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito dizendo: “Oh Deus, seja misericordioso a mim, um pecador!” (Lucas 18:9-14).

Pronto: Confissão! Temor! Serviço!

Considerações finais.

Todos os que foram citados aqui são os “improváveis”. São improváveis pelas razões estabelecidas na terra, pelos homens. Os mesmos homens que confessam que Yahweh é soberano sobre todas as coisas; e que sua vontade prevalece sobre todas a coisas; e que Yahweh age como, quando e por meio de quem quiser; esses mesmos homens depois dizem que “as coisas não podem ser bem assim; porque não é bem assim que são as coisas”. Uma porta se fecha para alguém por muitas razões... homens fecham a portas para outros homens “em nome da instituição ou entidade” e com base nos artigos dessa, os mantém do lado de fora.

E Deus observa em secreto.

Um homem fechado dentro das portas faz o que ninguém pode impedir...

Trancado... (...dentro, e não fora...)

ELE ORA!

E tudo muda! Porque Deus (só Deus) ouviu.

 

Atos 10:3-4    ...um anjo de Deus se aproximou dele e lhe disse:

Cornélio!

Este, fixando nele os olhos, e possuído de temor, perguntou:

Que é Senhor?

E o anjo lhe disse:

As tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus.